O Guia Perverso do Cinema

O filósofo e psicanalista Slavoj Zizek articula cinema e psicanálise de um forma bem interessante no seu filme \"The pervert\'s guide to cinema\". A obra é uma verdadeira aula de psicanálise com seus principais conceitos e contextualizações, em intensas duas horas e meia de análise de filmes clássicos, principalmente. Percebe-se uma espécie de fixação do Zizek pelo Hitchcock, sendo bastante explorada a sua obra, nos mínimos detalhes. Muito interessante alguns pontos de vista, apesar da tentativa (que é um mal muito comum propiciado pela psicanálise) de psicanalisar tudo. Ás vezes tenho a impressão que se força demasiamente a barra para poder como que encaixar a teoria da psicanálise nas experiências mais corriqueiras do cotidiano. Fico me questionando se a psicanálise tá aí para \"explicar\" determinados eventos, ou se na verdade cria condições de existência dos mesmos, possibilitando a emergência de uma realidade própria e singular a partir dos seus paradigmas. Parece óbvio isso para um foucaultiano, por exemplo. Mas acho que falta um pouco de auto-percepção dos psicanalistas sobre o seu fazer conceitual e prático (perdão pela redundância ou mesmo um pleonasmo entre os dois termos). mas a despeito disso, acho uma excelente oportunidade de ver um verdadeiro guia, como é o nome, de um cinema visto por um ângulo interessante.

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