O Pantano(La Cienaga)

Durante o mês de fevereiro, no noroeste argentino, vários fatores climáticos se juntam: sol intenso, chuvas repentinas e fortes. Nas elevações montanhosas, entre as árvores, algumas extensões de terra se alagam, formando temporariamente profundos charcos, armadilhas mortais para os animais da região­ são las ciénagas. Dirigo pela argentina Lucrécia Martel, La Ciénaga - O Pântano não é um longa-metragem sobre ciénagas, mas de pessoas que vivem na cidade de La Ciénaga e nos arredores. O filme recebeu o Prêmio Alfred Bauer no Festival de Berlim, além de quatro Prêmios no Festival de Havana, incluindo Melhor Diretor e Melhor Atriz. A noventa quilômetros de La Ciénaga está o povoado de Rey Muerto e nas proximidades o sítio La Mandrágora, onde se cultivam pimentões vermelhos. A mandrágora é uma planta que se usava como uma amputação. Nesta história, La Mandrágora é a casa de verão para passar as férias de verão de Mecha, uma mulher cinqüentona com quatro filhos e o marido Gregório, que tinge os cabelos, fato que ela procura ignorar tomando uns tragos, apesar de o álcool, como diz Tali, entrar por uma porta e não sair por outra. Tali é a prima de Mecha. Tem quatro filhos e um marido amante da casa, da caça e dos filhos. Também vive em La Ciénaga. Neste verão as duas famílias estão reunidas em La Mandrágora, perto da Bolívia, onde as pessoas tentam sobreviver a um verão infernal. Nem todas conseguirão. Esta é uma história cheia de sangue inútil. Feridas na carne e hemorragias internas. Dias de férias em que a ferocidade das caçadas e as conversações venenosas à beira da piscina explodem em violência num cotidiano áspero, sem esperança, azarado.

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