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1808 - Audiobook
Infohash:
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Type:
Music
Title:
1808 - Audiobook
Category:
Audio/Audio books
Uploaded:
2011-01-23 (by smeagol666)
Description:
1808 – Laurentino Gomes
“Como uma rainha louca, um prÃncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasilâ€
1808 - Laurentino Gomes (A Fuga da FamÃlia Real para o Brasil)
Depois de uma exaustiva pesquisa em fontes as mais diversas durante mais de 10 anos, Laurentino Gomes nos brinda com esta narração definitiva sobre a fuga da FamÃlia Real Portuguesa para o Brasil, sob a escolta da Marinha Britânica.
Antecedentes
Portugal – uma das nações mais atrasadas da Europa em inÃcios do século XIX – encontrava-se freqüentemente diante da possibilidade concreta, estimulada e aconselhada por muitos a ter a sede de seu governo transferida para o Brasil, colônia da qual se tornara totalmente dependente. A cada crise no Continente Europeu a idéia se renova, mas somente a partir dos ecos da Revolução Francesa, mais particularmente em seu perÃodo Napoleônico, a idéia ganhou força e premência. Com maior vigor a partir de 1801 a idéia freqüentemente era cogitada. No entanto o PrÃncipe Regente D. João era fraco demais – inclusive fisicamente – medroso demais e indeciso demais para adotar medida de tão graves monta e repercussão.
Os monarcas “perdem a cabeçaâ€
O Rei Jorge III, da Inglaterra, tinha ataques constantes de demência, amplamente relatados: trazia ao colo uma almofada que informava ser uma criança; criou uma “Nova Teoria da SantÃssima Trindade†incluindo a si mesmo e a um criado, além de Deus; passava por vezes 3 dias sem dormir, tempo durante o qual passava a maior parte do tempo falando sem parar – e poucos compreendiam bem o que exatamente estava ele a dizer.
Em Portugal, D. Maria I, a Rainha Mãe, informava ver o fantasma de seu pai com freqüência, ensangüentado e clamando vingança; seus gritos – talvez a palavra “urros†expresse melhor o volume em que se expressava durante os ataques de demência – eram tão lancinantes que ela foi recolhida a um convento, declarada demente e seu segundo filho, despreparado para assumir o trono, D. João, foi nomeado PrÃncipe Regente.
Na França e em outros pontos da Europa reis e rainhas eram decapitados. Como bem o enfatiza Laurentino Gomes, “era um tempo em que os monarcas, literal e metaforicamente, perdiam a cabeçaâ€
Decisão às pressas
Somente quando pressionado pelo avanço das tropas napoleônicas do General Junot, em fins de 1807 e pressionado pela Inglaterra, a decisão foi tomada de maneira tão apressada e atabalhoada que muitos bens dos fugitivos para o Brasil ficaram empilhados no cais: bagagem, livros da Real Biblioteca, prataria saqueada de igrejas, etc. Além disso, as embarcações vieram todas apinhadas de gente, sem os cuidados técnicos necessários a uma tão longa travessia (levaria cerca de 3 meses para atravessar o Atlântico nas rústicas naus da época): pelo menos dois navios sequer conseguiram zarpar e o suprimento dos que zarparam no dia 29 de novembro de 1807 mal eram suficientes para 2 ou 3 semanas. Foi sem dúvida uma fuga apressada e decidida às pressas e, sem a escolta britânica a prover quase tudo o que faltava, a viagem estaria fadada a uma tragédia.
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Travessia conturbada e escala em Salvador
Enfrentando as saunas em que os navios selados da época se transformavam nos Trópicos, com água e refeições racionadas, condições sanitárias precarÃssimas, a Corte e seus inúmeros lacaios e bajuladores – de ministros a clérigos e oportunistas com suas numerosas famÃlias – penou 3 meses de céu e mar. O escorbuto (falta de vitamina C) e outras moléstias ceifaram vidas, uma infestação de piolhos obrigou a todos a raspar a cabeça, uma tormenta provocou um desvio de rota que a muito custo foi retificada – sempre com o apoio logÃstico da Marinha Britânica – e finalmente, a 22 de janeiro de 1808 os navios aportaram em Salvador.
Um fato curioso é que a princesa Carlota Joaquina, suas filhas e damas da corte desembarcaram com uns turbantes rústicos enrolados na cabeça para disfarçar a calva a que foram reduzidas pela infestação de piolhos. As damas da sociedade soteropolitana consideraram ser aquela uma moda européia e aderiram com tal entusiasmo que até hoje as Baianas usam a indumentária...
A escala em Salvador proporcionou momentos de repouso após viagem tão longa e penosa e, aconselhado pelos seus ministros, D. João decidiu receber autoridades do Norte-Nordeste Brasileiro para as esquisitas cerimônias de “beijão-mãoâ€: filas de fidalgos esperando a vez para oscular as extremidades dos braços do PrÃncipe Regente – uma constante na vida de D. João, que exigia estas demonstrações de fidelidade e submissão com regularidade enquanto governou. Era preciso fortalecer os vÃnculos entre as provÃncias do Brasil colônia que, aos poucos, viria a se transformar numa nação, sede do governo português no exÃlio.
Um prÃncipe indeciso, medroso, fraco que, no entanto, enganou Napoleão...
A chegada ao Rio de Janeiro
No dia 7 de março de 1808 a esquadra de D. João chega à BaÃa de Guanabara, mas o desembarque ocorre somente no dia seguinte. Os puxa-sacos que sempre cercam esse tipo de acontecimento no Brasil prepararam uma recepção retumbante, com muitos tiros de canhão, fogos de artifÃcio e festas populares para saudar “a chegada do primeiro monarca Europeu a terras americanasâ€.
Portugal foi saqueada pelos fugitivos de Napoleão antes de embarcar para o Brasil, mas mesmo assim os recursos eram insuficientes para sustentar uma das maiores cortes que qualquer monarca da época ousava manter em torno de si. Todos dependentes dos cofres governamentais e sequiosos de um enriquecimento rápido por aqui para uma volta a Portugal à primeira oportunidade.
Casas foram requisitadas pela coroa portuguesa que nelas colava cartazes com as iniciais P.R. (casa requisitada pelo PrÃncipe Regente) que a irreverência carioca rapidamente entendeu como “Ponha-se na Rua!†Os impostos foram aumentados a nÃveis até então inusitados; nada comparável aos 40% que os brasileiros pagam hoje para os mensaleiros e sanguessugas e portadores de cartões corporativos de Lula da Silva, mas uma taxação severa para a época e, tal qual hoje, todos desconfiavam que os impostos não seriam empregados para o bem público e sim para o benefÃcio privado dos dependentes do governo.
Um prÃncipe frouxo e uma princesa irascÃvel: uma união com tudo para jamais dar certo...
Medidas progressistas
Uma vez que a sede do governo português situava-se no Rio de Janeiro, foram necessárias algumas medidas – muitas das quais adrede acertadas com a Inglaterra pela “cortesia†da escolta – progressistas para a época, como a Abertura dos Portos à s Nações Amigas, decreto Régio de 28 de janeiro de 2008. “Nações Amigas†eram basicamente Portugal e a Inglaterra. Pelo acordo acertado com antecedência, o Brasil seria o principal escoadouro do excedente comercial britânico e a Inglaterra contava com benefÃcios alfandegários ainda superiores aos dos portugueses. Em pouco tempo os cais brasileiros estavam atulhados de coisa absolutamente inúteis para nosso clima tropical: patins para gelo, aquecedores de colchões e outras bugigangas carÃssimas que muitos acabavam empregando em outras finalidades – um viajante da época informa que percebeu uma maçaneta de uma casa modesta modelada a partir de um patim para gelo, por exemplo...
Foi necessário ainda criar um órgão para cunhar a moeda que circularia por aqui: o Banco do Brasil. Como foi criado na base do compadrio e muita corrupção, teve vida efêmera. Em 1820 teve seus cofres saqueados pela FamÃlia Real de volta para Portugal, faliu e acabou sendo liquidado em 1829. Somente em 1835, já no governo de D. Pedro II o Banco do Brasil foi recriado.
Hábitos esquisitos
Havia as esquisitÃssimas e regulares cerimônias de beija-mão, acima relatadas.
D. João VI era gordo, flácido e devorador voraz de franguinhos que trazia fritos e desossados nos bolsos de seus uniformes sempre sujos e engordurados. Não conseguia caminhar a pé mais de alguns metros sem sentir extrema fadiga e era, na mais completa acepção do termo, um dos homens mais fracos que já governaram esta nação, mas, surpreendentemente, logrou ser o único a enganar Napoleão Bonaparte e realizou um governo medianamente satisfatório.
Uma vez encontrar-se já em situação de separação definitiva de corpos da princesa Carlota Joaquina, o Autor Tobias Monteiro, apontado por Gomes na obra hora em análise, informa que D. João mantinha relações homossexuais “de conveniênciaâ€, particularmente com um de seus camareiros, Francisco Rufino de Souza Lobato cuja função primordial era masturbar o prÃncipe com regularidade, atividade pela qual Rufino foi recompensado regiamente: recebeu tÃtulos, pensões portentosas e promoções sucessivas.
Numerosas salvas de canhão eram ordenadas a cada entrada de navio na BaÃa de Guanabara. Um estadunidense surpreso comenta o quanto os portugueses gostavam de gastar sua pólvora, a ponto de se ouvir o troar dos canhões à entrada da BaÃa ao longo de todos os dias.
Sem esgoto sanitário o lixo era invariavelmente jogado à s ruas pelas janelas e, não raro, um passante recebia o “batismo†de dejetos humanos. Classes mais abastadas contavam com escravos encarregados de levar seus dejetos acumulados para despejar na BaÃa de Guanabara. Ficavam conhecidos como “carijós†pois quando o ácido de urina misturada com fezes caÃa sobre suas costas deixava em suas peles negras algumas manchas brancas.
Imprensa
Enquanto a Europa se encaminhava a passos largos para a ampliação dos Direitos da Pessoa Humana e do Cidadão, o Brasil recebia um dos mais atrasados representantes do Antigo Regime...
Como a oposição ao governo era um crime gravÃssimo, o único jornal com alguns eivores crÃticos que, mais tarde, contudo, precisou ceder ao governo português, era o Correio Braziliense, que Hipólito da Costa editava em Londres.
Legado
Com todas as fraquezas, todo o medo e covardia, além de toda a corrupção que cercou a fuga da FamÃlia Real para o Brasil, devemos o princÃpio de nossa emancipação polÃtica (vulgarmente conhecida como “Independênciaâ€) a este episódio, a esta travessia de 1808.
Através de brutais repressões e da concentração autocrática o Brasil – ex-colônia portuguesa – manteve sua integridade territorial, lingüÃstica e, em alguns aspectos “culturalâ€, ao contrário do Império Colonial Espanhol que se fragmentou em dezenas de Nações distintas.
Quando as cortes em Portugal, já livres de Napoleão Bonaparte e de seus “protetores†ingleses exigiram a volta da FamÃlia Real para o Continente além do juramento a uma constituição com alguns lustros de republicanismo, D. João VI – já então na posição de Monarca Português após o falecimento de D. Maria I, “a louca†– deixou o Brasil a cargo de seu filho D. Pedro com a recomendação de, em caso de revolta ou tentativas mais autonomizantes que o desejavam as cortes portuguesas, D. Pedro tomasse a coroa “antes que algum aventureiro o fizesseâ€. Assim, o Brasil simplesmente passou de pai para filho sem grandes azedumes em 1822. Por incrÃvel que pareça – se é que a palavra “incrÃvel†pode se aplicar a alguma situação no Brasil – os únicos problemas armados envolvendo o episódio conhecido como “Independênciaâ€, o 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro rompeu com as cortes portuguesas, foram de alguns portugueses e brasileiros nativos que se rebelaram contra a autonomia desejosos de continuar mamando nas tetas de Portugal. Estes foram repelidos, novamente, com a ajuda de mercenários ingleses contratados pois nossa Marinha estava ainda em projeto...
De mais a mais, como Portugal devia 2 milhões de libras esterlinas à Inglaterra, para reconhecer a autoridade de D. Pedro I sobre o Brasil a ex-metrópole exigiu o repasse da dÃvida para a nova Nação Brasileira, dando o pontapé inicial em nossa interminável dÃvida externa – que hoje Lula da Silva “internalizouâ€: em 2008 devemos mais de 1 Trilhão e 400 Bilhões de Reais “internamente†a empresas como o Grupo Santander, o Citibank, a Monsanto – fabricante do desfolhante “Agente Laranja†-, a IBM – fabricante das máquinas gravadoras de números nos braços dos judeus nos campos de concentração nazistas -, a Ford, a Chrysler... Nossa dÃvida foi deixando de ser considerada “externa†mas avolumou-se de maneira descontrolada e nossos credores “brasileiros†têm suas matrizes bem longe daqui. Como diz na paródia de nosso hino (também conhecido como “ouvirundum ou “nó suÃnoâ€): “o sol da liberdade em raios fugidios brilhou em outra pátria muito distante!â€
1808 - Laurentino Gomes (A Fuga da FamÃlia Real para o Brasil)
Files count:
33
Size:
500.28 Mb
Trackers:
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